sábado, 1 de outubro de 2011

O capitalismo de campadres

Na lei da oferta e procura, se há muita produção de cebola, o preço cai, senão o preço pode subir; se o preço do açúcar no mercado externo sobe, começa a faltar álcool no mercado interno porque os produtores desviam a produção da cana para o açúcar, ocasionando a elevação do etanol em relação a gasolina...e assim vai. Só que em Santos, essa lei só funciona parcialmente. Vejam só: com a economia em fase de expansão, duas empresas irão construir dois novos grandes terminais no Porto, anunciando com a oferta de 2.500 empregos diretos. Não há mão-de-obra treinada disponível para atender todas essas vagas, ou seja, a oferta agora é maior que a demanda. Então em vez de aumentarem os salários dos contratados atuais ou dos futuros, as empresas fizeram um acordo de cavalheiros de não tirarem mão-de-obra uma da outra e em vez disso dão algum novo treinamento como um tipo de compensação...
Vejam que, quando interessa ao grande capital, em situações em que a procura é maior que a oferta, abaixam-se os salários ("se você não aceita, há muitos que aceitarão"); na situação inversa, como o caso citado, o que poucas vezes vi ocorrer no Brasil, aqueles profissionais que investiram na carreira ficam com seus vencimentos congelados.
É o vergonhoso capitalismo brasileiro que todo dia aparece na mídia, avesso a riscos, explorador contumaz da mão-de-obra nacional, acostumado a mamar nos favorecimentos dos políticos cujas campanhas financiou, como foi um dos últimos casos aquela vergonha nos Ministérios dos Transportes e do Turismo. É impressionante a falta de projeto de país da nossa elite. Dá para entender porque a Coreia do Sul, até o final da década de 70 um país essencialmente agrário, nos passou para trás graças ao grande investimento feito em educação valorizando o conhecimento. E dá-lhe Copa do Mundo e Olimpíadas movidas a obras sem licitação...

Nenhum comentário:

Postar um comentário